O presidente do PSOL de Pernambuco e coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Severino Souto Alves, aproveitou a passagem do presidente da República, Jair Bolsonaro, pelo Estado, nesta sexta-feira (3), para divulgar uma carta aberta criticando a visita. Confiram:
Carta aberta ao Presidente da República
Senhor presidente, a imprensa vem noticiando que Vossa Excelência estará em Pernambuco neste final de semana e, por isso, resolvi escrever-lhe publicamente e em nome do povo do nosso Estado.
Presidente, Pernambuco e seu povo ostentam uma história de resistência, basta uma simples pesquisa para constatar isso. Este chão foi palco de inúmeras batalhas em que o povo se uniu contra o inimigo invasor e, com esse espírito guerreiro e resistente, encaramos a sua presença hostil entre nós e vamos manifestar isso, não com violência, que aliás é uma marca sua e dos que fazem seu governo, mas repudiando veementemente sua presença aqui.
Seus compromissos em Pernambuco iniciam na tarde desta sexta-feira. Qual trabalhador do setor público ou privado não gostaria de viajar, com todas as despesas pagas, durante o horário que deveria estar em expediente para não produzir nada? Sim, não produzir nada, uma marca da sua vida, não é mesmo presidente? Afinal o senhor não produziu nada enquanto militar, péssimo militar diga-se de passagem. E partiu para a política onde está até hoje, também sem produzir nada. Todavia, o “nada” aqui representa algo em favor do povo, e é bom que se esclareça: quando é contra o povo e a seu favor ou de sua família, este “nada” se transforma em tudo…
Sabe, presidente, este país está caindo aos pedaços! O povo está morrendo de fome, de Covid-19 e de vergonha. Vergonha por ter chegado, na sua “gestão”, ao fundo do poço. Enquanto o senhor faz passeios de moto e cumpre agendas, como se ainda estivesse em campanha, os preços disparam: gasolina, gás de cozinha, energia elétrica com risco iminente de apagão, e feijão. Sim presidente, feijão! item básico da alimentação do povo pobre que, muitas vezes, só tem ele para comer; e o senhor, presidente, tem comido o quê, fuzil?
O salário mínimo, ah o salário mínimo!, nunca foi tão esmagado como nos dias atuais e quem tem um na conta no final do mês agradece aos céus, pois, por culpa sua, o desemprego nunca foi tão grande neste país e, consequentemente, no nosso Estado. Deste salário de miséria que nunca fez tanto sentido ser chamado de mínimo, a maioria da população brasileira paga as contas do mês, que vão do aluguel ao pão de cada dia, que não é fuzil, presidente. Mas com certeza, para a maioria é feijão, só feijão.
Eu poderia escrever por horas citando os numerosos escândalos do seu governo, mas não preciso me dar este trabalho pois a imprensa, esta que o senhor desrespeita sistematicamente em flagrantes ataques à liberdade de expressão, tem se ocupado de registrar, para o bom uso da história, todas as mentiras e absurdos que o senhor normalizou e ajudou a banalizar para iludir o povo. Sua “verborragia” presidente, não vai ficar impune e o povo já entendeu quem, verdadeiramente, é Jair Messias Bolsonaro. Basta conferir as pesquisas eleitorais que já estão sendo feitas. Sabe quem ganha em todos os cenários, presidente? Aproveito o momento para “soprar” nos seus ouvidos três letras mágicas: CPI. Essa comissão tem “sangrado” o mito Bolsonaro e deve ser responsável por algumas noites de insônia do senhor, não é mesmo presidente?
Para finalizar, não desejo tomar o tempo de alguém tão ocupado. Quero dizer ao senhor, publicamente que, diante de tudo que foi citado acima e o que não foi, mas que a imprensa livre tem registrado, nós, povo pernambucano, não queremos a sua presença aqui. Aproveite a sexta-feira para trabalhar, como todo brasileiro faz ou gostaria de fazer, mas não pode por não ter emprego. Aqui nós continuaremos “vestidos” com o verdadeiro verde e amarelo, resistindo ao seu autoritarismo, na certeza de que venceremos e que o senhor pagará por todos os seus atos. Ninguém vive de ódio, presidente.
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