Foi um "tiro pela culatra" os ataques explosivos da secretária de Infraestrutura de Pernambuco, Fernandha Batista, contra a decisão cautelar do conselheiro Valdecir Pascoal, do Tribunal de Contas do Estado (TCE), que suspendeu a licitação do Arco Metropolitano, no início de julho. Na época, a secretária Fernandha Batista declarou para a reportagem do Jornal do Commercio hoje que estava "indignada" com a decisão do conselheiro do TCE. Sergundo Fernandha Batista, o fundamento usado por Valdecir Pascoal para suspender a licitação não tinha "embasamento legal". O conselheiro suspendeu a licitação, pois a Secretaria de Geraldo Júlio queria tocar o projeto, através da estatal AD/Diper, sem a licença ambiental prévia que é exigida em lei federal. "Infelizmente, é um retrocesso para um projeto tão necessário para Pernambuco. Os argumentos não têm embasamento legal", atacou a secretária, na época, sobre a decisão do conselheiro do TCE.
Fernandha Batista foi indicada por Geraldo Júlio (PSB), ainda em 2018, para secretária estadual a partir de 2019. Fernandha saiu em defesa de seu "padrinho" político, atacando os membros do TCE que trabalharam no processo cautelar. Ela é do grupo de técnicos da "cozinha" de Geraldo, tendo sido inclusive revelada na gestão dele, como diretora de Manutenção Urbana na Emlurb, estatal da Prefeitura do Recife.
Esta semana, os conselheiros da Segunda Câmara do TCE, por unanimidade, mantiveram a decisão do conselheiro Valdecir Pascoal, que foi atacada pela secretária. A cautelar tinha determinado que a AD DIPER, estatal da Secretaria de Geraldo Júlio, não assinasse o contrato de R$ 3,8 milhões para a elaboração de projeto básico de engenharia, plano de desenvolvimento territorial, estudo de pré-viabilidade técnica e econômica e estudos ambientais do Arco Metropolitano. Geraldo quer "passar por cima" da população de Aldeia e fazer a obra sem a licença ambiental prévia, exigida por lei federal. "Não há periculum in mora reverso, posto que a contratação atual é uma das partes do projeto do Arco metropolitano, obra estruturadora a ser realizada em etapas, que requer estudos detalhados e os mesmos sequer começaram, estando, portanto, em momento propício para sua adequação como forma de melhor atender aos anseios da sociedade", decidiu o TCE, de forma colegiada.
Fontes do PSB, sob reserva, informam que se Fernandha Batista tivesse sido "mais hábil", o TCE teria autorizado a continuidade do projeto. Pesaram os ataques da secretária aos auditores do TCE e ao conselheiro-relator. Sem obras de vulto para mostrar após oito anos como prefeito do Recife, Geraldo agora aposta no Arco Metropolitano como grande obra a ser usada na sua campanha de governador, em 2022.
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