O fogão a lenha virou uma alternativa para moradores de Porto Alegre, diante do aumento no preço do gás. Entre janeiro e julho deste ano, o valor do botijão de 13 kg subiu 20% na Capital, conforme dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP).
Sem condições para comprar o GLP (gás liquefeito de petróleo), muitas famílias precisam decidir como os recursos do mês serão aplicados.
"Ou come, ou compra o gás. E, se tu comprar o gás, não tem comida. E aí, o que que vai ser feito?", questiona Maria Solange Corrêa, líder comunitária.
Segundo levantamento semanal da ANP consultado pelo G1, o preço do gás em Porto Alegre chega a até R$ 98 em algumas revendas.
O valor médio observado em julho, na Capital, é de R$ 90,44 – 20% a mais que em janeiro de 2021, quando o botijão de 13 kg custava R$ 75,20, em média, na cidade. Veja gráfico abaixo.
A marca pode aumentar, uma vez que a média da semana entre 18 e 24 de julho foi de R$ 92,29.A dona de casa Margarete de Freitas, que mora na Ilha Grande dos Marinheiros, acorda cedo para recolher lenha a fim de abastecer o fogão de sua casa, que estava desativado. Sem renda, ela depende de doações para sobreviver.
"A gente cata no mato ou pega tábua. Queima o que aparecer na frente. Eu geralmente levanto às 6h, 6h30. Então é obrigatório ter um pouquinho, um restinho [de lenha], até acender o fogo e fazer um café", relata.
No bairro Arquipélago, onde ficam as ilhas da Capital, boa parte da população trabalha com a coleta de recicláveis. Encontrar restos de madeira para queimar não chega a ser um desafio, mas ter um fogão a lenha é um privilégio para poucos.
Pedreiro montou próprio fogão a lenha, em Porto Alegre, por não ter como pagar gás — Foto: Reprodução/RBS TV
O pedreiro Alex Sandro Junchem construiu um fogão com as próprias mãos para a casa onde vive com a esposa, Ana Paula Martins, e os três filhos pequenos. Ele aproveitou restos de uma churrasqueira e alguns tijolos para montar a estrutura, que não conta nem com uma chaminé para dissipar a fumaça.
A única renda deles vem do Bolsa Família, pouco mais de R$ 250 mensais. Segundo Ana Paula, o dinheiro é destinado para a compra de alimentos. Eles ainda contam com a ajuda de uma igreja, que faz doações de comida.
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