Garimpeiros atacaram com bombas de gás a comunidade Maikohipi, na região de Palimiú, alvo de conflitos na Terra Indígena Yanomami. A informação foi divulgada nessa segunda-feira (7), pela Hutukara Associação Yanomami (HAY).
Até o momento, não há informações sobre feridos. O ataque aconteceu na madrugada do último dia 5. Indígenas que vivem em Maikohipi, relataram que o grupo de garimpeiros chegou dividido em quatro barcos, invadiu a comunidade e atirou as bombas que "que soltavam gás e fazia arder os olhos".
"Assistindo o início do ataque, os Yanomami tiveram de se refugiar no mato antes de os garimpeiros entrarem na sua comunidade"
A região fica às margens do rio Uraricoera, em Alto Alegre, Norte de Roraima, e é rota usada por garimpeiros que entram ilegalmente na Terra Yanomami. No dia 10 de maio, invasores à bordo de um barco, abriram fogo contra a comunidade Palimiú, próxima à Maikohipi, e a partir daí houve uma sucessão de ataques.
O relato das lideranças indígenas foi repassado à Hutukara por telefone. Nessa segunda-feira, foi encaminhado um ofício com pedido de segurança à Fundação Nacional do Índio (Funai), Polícia Federal, Exército e Ministério Público Federal. O G1 procurou os órgãos e aguarda retorno.
O documento, assinado pelo vice-presidente da HAY, Dário Kopenawa Yanomami, afirma que relato dos indígenas protesta contra a situação de insegurança vivida na região por conta da presença na Terra Yanomami, apesar de todos os avisos.
"Diante disso, mais uma vez, insistimos para que continuem atuando para impedir o avanço da atividade ilegal e a consequente espiral de violência, para garantir a segurança às comunidades indígenas no Palimiu, e na Terra Indígena Yanomami, com a presença constante das forças públicas de segurança e fornecimento contínuo de apoio logístico para operações", pede a HAY no documento.
Guerreiro Yanomami na comunidade Palimiú — Foto: Alexandro Pereira/Rede Amazônica
Maior reserva indígena do Brasil, a Terra Yanomami tem quase 10 milhões de hectares entre os estados de Roraima e Amazonas. Cerca de 27 mil indígenas vivem na região, alvo de garimpeiros que invadem a terra em busca da extração ilegal de ouro.
Em 2020, o ano da pandemia, o garimpo ilegal avançou 30% na Terra Yanomami. Só o rio Uraricoera concentra 52% de todo o dano causado pela atividade ilegal.
A invasão garimpeira causa a contaminação dos rios e degradação da floresta, o que reflete na saúde dos Yanomami, principalmente crianças, que enfrentam a desnutrição por conta do escasseamento dos alimentos.
Em 24 de maio, uma decisão do Supremo Tribunal Federal ordenou que o governo federal adotasse medidas para proteger a Terra Yanomami. Antes, uma outra medida judicial determinou o envio de efetivo armado para que ficasse de forma permanente em Palimiú, o que não ocorreEntre os dias 12 de maio e 4 de junho, sete garimpos ilegais foram desativados durante operação do Exército na região de Palimiú. A operação, segundo o Exército, teve como foco "investigar as ações de garimpeiros ilegais contra a comunidade indígena e combater os crimes ambientais de garimpo que provocavam a degradação do meio ambiente no entorno de Palimiú".
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